Leituras poéticas – Capítulo 85

 


terra, Fogo, água e ar

 

Na curva do vento atrás do tempo perdido

 

Por Majda Hamad Pereira

 

E o vento vem

A ilusão também

A pele branca de face enrubescida e o corpo todo retorcido

A espera do tempo, martírio de vida, falido de ilusões

Sou quem sou atrás da presa, como quem corre das grades

Suplicando o amor que perdi nos ventos...

 

Onde andará, no rastro do véu do tempo ou no outro lado do mar?

Sinto, como se uma agulha me furasse o peito, uma dor tamanha

Atingindo a minha alma e o que restou dela...

 

Mas, brindemos o universo e suas chances e possibilidades

O seu verdadeiro significado, pois diante dele e do que representa

Somos poeiras varridas que o vento leva.

 

E o coração? Suplica o ente querido

Transformando o viver em uma incessante inquietude

Agora irei recolher-me na minha insignificância

A espera do que partiu.

 

Oh Vida! Leva-me as tuas saídas, estou perdido em teus caminhos

Acorda-me do sono profundo, resgata-me do mar sem fim

Para que percorra todas as ilhas

E encontre lá o amor que deixei.

 

Reflexão – Uma leitura possível do poema:

 

Na curva do vento atrás do tempo perdido

 

“Na Curva do Vento Atrás do Tempo Perdido" de Majda Hamad Pereira é um poema que nos leva a uma viagem através dos sentimentos mais profundos da alma humana. A autora usa palavras que nos fazem sentir a melancolia da perda, a dor da saudade e a busca incessante por um amor que se foi. É como se ela estivesse pintando um quadro com palavras, onde as cores são os sentimentos e as pinceladas são as metáforas.

 

Um Labirinto de Sentimentos Perdidos

 

E o vento vem

A ilusão também

A pele branca de face enrubescida e o corpo todo retorcido

A espera do tempo, martírio de vida, falido de ilusões

Sou quem sou atrás da presa, como quem corre das grades

Suplicando o amor que perdi nos ventos...

 

A primeira estrofe do poema nos transporta para um cenário de busca incessante e dolorosa, como se estivéssemos acompanhando o eu lírico em uma jornada através de um labirinto de sentimentos perdidos. A 'curva do vento' e o 'tempo perdido' são como portais para um passado que não pode ser recuperado, símbolos da natureza fugaz da vida e da impossibilidade de voltar atrás.

 

A imagem da 'pele branca de face enrubescida e o corpo todo retorcido' é como um retrato da dor, um grito silencioso que ecoa a angústia do eu lírico. E a metáfora de correr 'atrás da presa, como quem corre das grades' é como um grito de liberdade, uma luta desesperada por amor e libertação.

 

Um Coração Ferido pela Saudade

 

Onde andará, no rastro do véu do tempo ou no outro lado do mar?

Sinto, como se uma agulha me furasse o peito, uma dor tamanha

Atingindo a minha alma e o que restou dela...

 

Na segunda estrofe, a dor da perda se intensifica, como se o coração do eu lírico estivesse sendo dilacerado pela ausência. As perguntas retóricas, como um eco da saudade, revelam a incerteza e a angústia que o atormentam: 'Onde andará, no rastro do véu do tempo ou no outro lado do mar?' Representa a busca incessante por respostas que nunca chegam.

 

A metáfora da 'agulha' que fura o peito é como um grito de dor, uma imagem que nos faz sentir a intensidade do sofrimento do eu lírico. É como se a saudade fosse uma ferida aberta, que nunca cicatriza, atingindo a alma e o que restou dela.

 

Um Brinde à Existência Efêmera

 

Mas, brindemos o universo e suas chances e possibilidades

O seu verdadeiro significado, pois diante dele e do que representa

Somos poeiras varridas que o vento leva.

 

Na terceira estrofe, o poema nos convida a contemplar a vastidão do universo e a refletir sobre a nossa própria insignificância. É como se a autora nos dissesse: 'Diante da imensidão do cosmos, somos apenas poeira, pequenos grãos de areia levados pelo vento'.

 

A metáfora da 'poeira varrida que o vento leva' é uma imagem poderosa que nos faz sentir a fragilidade e a transitoriedade da vida. Mas, ao mesmo tempo, a estrofe nos convida a 'brindar o universo e suas chances e possibilidades', a celebrar a nossa existência efêmera e a encontrar beleza na nossa pequenez.

 

Um Coração à Espera do Passado

 

E o coração? Suplica o ente querido

Transformando o viver em uma incessante inquietude

Agora irei recolher-me na minha insignificância

A espera do que partiu.

 

Na quarta estrofe, o poema nos leva a um mergulho profundo no coração do eu lírico, onde a dor da saudade se manifesta em toda a sua intensidade. 'E o coração? Suplica o ente querido', como um grito silencioso que ecoa a angústia da perda.

 

A 'incessante inquietude' que toma conta do eu lírico é como um fardo, um peso que o impede de seguir em frente. A decisão de 'recolher-me na minha insignificância' é um ato de resignação, uma entrega à dor da ausência. É como se o eu lírico se refugiasse em sua própria pequenez, esperando que o tempo traga de volta o que foi perdido.

 

Um Pedido de Resgate no Mar da Saudade

 

Oh Vida! Leva-me as tuas saídas, estou perdido em teus caminhos

Acorda-me do sono profundo, resgata-me do mar sem fim

Para que percorra todas as ilhas

E encontre lá o amor que deixei.

 

Na quinta estrofe, o poema se transforma em um grito de esperança, um apelo à vida para que resgate o eu lírico do sofrimento e da solidão. 'Oh Vida! Leva-me as tuas saídas, estou perdido em teus caminhos' - como se o eu lírico estivesse perdido em um labirinto, buscando uma saída para a dor.

 

A metáfora do 'mar sem fim' é uma imagem poderosa que simboliza a vastidão da dor, a sensação de estar perdido em um oceano de sofrimento. Mas, mesmo em meio à escuridão, a esperança persiste. O desejo de 'percorrer todas as ilhas' é como um farol, uma luz que guia o eu lírico na busca pelo amor perdido, pela esperança de reencontrar o que se foi.

 

Por fim

 

“Na Curva do Vento Atrás do Tempo Perdido", de Majda Hamad Pereira, é um poema que nos convida a embarcar em uma jornada poética através da alma humana. A poetisa utiliza uma linguagem rica em metáforas e imagens sensoriais, como se estivesse pintando um quadro com palavras, para expressar a dor da perda e a busca incessante por um amor que se foi.

 

O poema nos leva a um universo lírico melancólico e introspectivo, onde a saudade e a dor da perda se misturam com a reflexão sobre a insignificância humana diante da vastidão do universo. Mas, mesmo em meio à escuridão, a esperança persiste, como um farol que guia o eu lírico na busca pelo amor perdido, pela esperança de reencontrar o que se foi.

 

A reflexão sobre a insignificância humana diante do universo e o apelo à vida conferem ao poema uma dimensão existencial e esperançosa, como se a poetisa nos convidasse a encontrar beleza na nossa pequenez e a celebrar a nossa existência efêmera.

 

Poeta Hiran de Melo

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