Leituras poéticas – Capítulo 01

Leituras poéticas – Capítulo 01

 

Perfumes do Jardim

O jardim de cada um

 

Por Majda Hamad Pereira

 

O jardim de cada um

É como o rosto no espelho

Reflete alegrias e tristezas

Histórias de vidas inteiras

 

O jardim de cada um

Vive em movimento

É a sombra do dono

É guardião do tempo

 

O jardim de cada um

É o suspiro da alma

Acolhe a quem procura

E o corpo acalma

 

O jardim de cada um

É presença constante

É liberdade de sonhos

É cumplicidade, é ponte.

 

Reflexão – Uma leitura possível do poema:

 

O Jardim de Cada Um

 

Majda Hamad Pereira, em 'O Jardim de Cada Um', convida-nos a uma introspecção poética, onde o jardim, mais que um espaço físico, torna-se um espelho da nossa própria alma. A poetiza tece um painel poético onde o jardim se revela como um microcosmo da alma humana. Através de metáforas vívidas e uma linguagem sensível, a autora nos convida a refletir sobre a nossa relação com a natureza e com nós mesmos.

 

O jardim de cada um

É como o rosto no espelho

Reflete alegrias e tristezas

Histórias de vidas inteiras

 

Quem nunca se olhou no espelho e viu ali não apenas um rosto, mas uma história? A poetiza nos convida a fazer essa mesma jornada introspectiva, mas desta vez, utilizando o jardim como nosso espelho. A metáfora do jardim como reflexo nos remete a outras artes, como a pintura, onde o retrato serve como um reflexo da alma do retratado. A poesia, assim como a pintura, busca capturar a essência do ser humano.

 

O jardim de cada um

Vive em movimento

É a sombra do dono

É guardião do tempo

 

O jardim é descrito como um ser vivo em constante movimento, como uma sombra que acompanha seu dono. Essa imagem nos lembra que a vida é uma jornada e que o jardim, como um diário visual, registra as marcas dessa jornada. A ideia do jardim como guardião do tempo é um tema recorrente na literatura. Pensemos, por exemplo, nos jardins suspensos da Babilônia, que eram considerados um símbolo de paraíso e imortalidade. Ao cultivarmos nosso jardim, estamos, de certa forma, construindo um monumento à nossa própria história.

 

O jardim de cada um

É o suspiro da alma

Acolhe a quem procura

E o corpo acalma

 

O jardim é comparado ao suspiro da alma, um lugar de refúgio e conforto. Ele acolhe aqueles que buscam paz e tranquilidade, oferecendo um espaço para a alma se renovar. O jardim é uma experiência sensorial completa. Os aromas das flores, o toque da terra, o canto dos pássaros – todos esses elementos contribuem para um estado de relaxamento e bem-estar físico e emocional. Em diversas culturas, os jardins têm sido utilizados para fins terapêuticos.

 

O jardim de cada um

É presença constante

É liberdade de sonhos

É cumplicidade, é ponte.

 

Os últimos versos do poema elevam o jardim à condição de um símbolo universal de liberdade e conexão. Ao apresentar o jardim como um espaço onde podemos sonhar, criar e nos conectar com a natureza e com os outros, a poetiza nos convida a uma reflexão profunda sobre a nossa existência.

 

A imagem da ponte, em particular, reforça a ideia de que somos seres interdependentes, conectados a um todo maior. Ao encontrarmos nosso lugar nesse todo, podemos experimentar uma sensação de plenitude e bem-estar. O jardim, nesse sentido, se torna um portal para um mundo de possibilidades infinitas, onde podemos cultivar nossos sonhos e construir um futuro mais belo.

 

Por fim

 

A autora celebra a beleza e a importância dos jardins, não apenas como espaços estéticos, mas como lugares de cura, inspiração e conexão com o mundo natural. O jardim, nesse contexto, se torna um símbolo da complexidade da alma humana, um espaço onde as contradições, as emoções e as memórias se entrelaçam.

 

Majda Hamad Pereira inova ao explorar a temática do jardim de uma perspectiva pessoal e íntima, convidando-nos a uma reflexão essencial sobre a nossa própria existência.

 

Ao lermos seus versos, somos convidados a florescer junto com as imagens que ela planta em nossa mente. Qual o significado do jardim para você? Como você relaciona o seu próprio jardim interior com o jardim descrito no poema?"

 

Poeta Hiran de Melo 


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