Leituras poéticas – Capítulo 05


Perfumes do Jardim

Calçada do Tempo

 

Por Majda Hamad Pereira

 

Na calçada do tempo

Observo o passado e o presente

A vida de muitos

Seguidas a passos descrentes

 

Ora vagarosos, ora apressados

Ora destemidos, ora limitados

 

Observo o correr das massas

No semblante apenas marcas

Deixadas pelo dia a dia

De cada um

 

Na calçada do tempo

Afirmo e confirmo o que digo

Vejo pessoas indo e vindo

Escrevendo a sua história.

 

Reflexão – Uma leitura possível do poema:

 

Calçada do Tempo

 

O poema "Calçada do Tempo", de Majda Hamad Pereira, nos convida a uma profunda reflexão sobre a natureza do tempo e a experiência humana, utilizando a poderosa metáfora da "calçada do tempo". Através dessa imagem central, a autora explora a maneira como os indivíduos vivenciam a passagem do tempo, suas histórias, seus desafios e suas marcas.

 

A Calçada como espaço mágico

 

Na calçada do tempo

Observo o passado e o presente

A vida de muitos

Seguidas a passos descrentes

 

A primeira estrofe do poema nos convida a embarcar em uma jornada através do tempo, tendo a calçada como ponto de partida. A 'calçada do tempo' se apresenta como um espaço mágico, onde o passado e o presente se encontram, permitindo à voz poética observar a vida em sua totalidade. Os 'passos descrentes' que ecoam na calçada revelam a incerteza e a falta de rumo que muitas vezes acompanham a jornada humana. A calçada do tempo transcende a sua literalidade, transformando-se em um símbolo rico e complexo.

 

Entre a Pressa e a Calma, a Coragem e o Medo

 

Ora vagarosos, ora apressados

Ora destemidos, ora limitados

 

A segunda estrofe do poema nos convida a observar a dança da vida, com seus altos e baixos, suas idas e vindas. Através de versos curtos e cheios de contrastes, a autora nos mostra como a jornada humana é feita de momentos de pressa e lentidão, de coragem e medo. As antíteses 'vagarosos/apressados' e 'destemidos/limitados' criam um ritmo dinâmico, como se a vida estivesse pulsando diante de nossos olhos, com suas oscilações e surpresas.

 

A estrofe nos faz pensar sobre como a gente se sente em diferentes momentos da vida, sobre como a gente muda de ideia e de humor, e sobre como a gente precisa aprender a lidar com todas essas emoções.

 

A visão presente nas duas primeiras estrofes destaca a pluralidade da experiência humana, revelando a diversidade de ritmos, de passos e de sentimentos que marcam a jornada de cada indivíduo.

 

Há aqueles que caminham "a passos descrentes", carregando o peso da dúvida e da incerteza.

 

Outros, por sua vez, avançam com "passos vagarosos", talvez buscando saborear cada instante da vida.

 

Há ainda os que se lançam à frente com "passos apressados", movidos pela ambição ou pela necessidade.

 

E, finalmente, há aqueles que se sentem "limitados", seja por circunstâncias externas, seja por suas próprias inseguranças.

 

As Marcas do Tempo

 

Observo o correr das massas

No semblante apenas marcas

Deixadas pelo dia a dia

De cada um

 

A terceira estrofe do poema nos leva a um mergulho na multidão, onde os rostos se tornam telas que exibem as marcas do tempo. O "correr das massas", com seus rostos marcados pelo "dia a dia", revela a dureza da vida e o impacto do tempo sobre cada indivíduo.

 

As marcas no semblante de cada pessoa contam histórias silenciosas de alegrias, de tristezas, de lutas e de esperanças. Assim, a estrofe nos convida a olhar além da superfície, a enxergar a beleza e a complexidade de cada ser humano, a reconhecer que cada rosto carrega um mosaico de experiências e emoções.

 

Um Palco para a Celebração da Vida

 

Na calçada do tempo

Afirmo e confirmo o que digo

Vejo pessoas indo e vindo

Escrevendo a sua história.

 

Na última estrofe, a calçada se transforma em um palco vibrante, onde a vida se revela em sua plenitude. A voz poética, como uma espectadora atenta, observa as pessoas 'indo e vindo', reconhecendo a beleza e a singularidade de cada jornada. A repetição do verso 'na calçada do tempo' funciona como um lembrete de que a vida é uma jornada contínua, onde cada passo deixa uma marca indelével. A estrofe nos convida a celebrar a vida em sua totalidade, a reconhecer a importância de cada história e a valorizar a individualidade de cada ser humano.

 

Por fim

 

"Calçada do Tempo" de Majda Hamad Pereira é como um convite para uma aventura mágica, onde a gente embarca numa viagem pelo tempo e pela vida. A calçada, nesse poema, vira um portal secreto, que nos leva a pensar sobre como o tempo passa e como ele muda a gente. A poetisa, com suas palavras, cria um mundo de imagens e metáforas, onde a calçada vira um palco, um lugar para observar a vida como se fosse um filme, para pensar sobre como a gente vive e sobre como a gente deixa a nossa marca no mundo.

 

Poeta Hiran de Melo 


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