Leituras poéticas – Capítulo 84
terra, Fogo, água e ar
Cria da vida
Por Majda
Hamad Pereira
Acho interessante
Viver distante
Ausente
De corpo presente
Pensar no porquê do existir
Descobrir a linha certa da mente
Que ao mesmo tempo desmente
Dizendo que sou louco.
Pode ser até que seja
Prefiro descobrir.
Sou a chave do mistério
E onde quer que esteja
Terei que abrir
Com o medo nos meus olhos
Eu prefiro ficar aqui
Esperando calado, silencioso
Com todo o peso no corpo
Outras formas de vida surgir.
Reflexão – Uma leitura possível do poema:
Cria
da vida
"Cria da
Vida", de Majda Hamad Pereira, é um poema que nos leva a uma viagem
profunda dentro de nós mesmos, um mergulho em perguntas sobre quem somos e por
que existimos. A autora usa palavras que nos fazem sentir como se estivéssemos
explorando um labirinto da mente, onde a realidade e a dúvida se misturam. É
como se ela nos convidasse a questionar tudo, inclusive a nossa própria
sanidade.
Uma Jornada Interior em Busca de Sentido
Acho interessante
Viver
distante
Ausente
De corpo
presente
Pensar no
porquê do existir
Descobrir
a linha certa da mente
Que ao
mesmo tempo desmente
Dizendo
que sou louco.
A estrofe inicial
do poema nos apresenta um eu lírico que se sente como um estranho em seu
próprio corpo, como se a alma estivesse distante, mesmo com o corpo presente. É
como se ele estivesse vivendo em um sonho, onde a realidade se mistura com a
fantasia.
A busca pelo 'porquê
do existir' e pela 'linha
certa da mente' revela um desejo
profundo de encontrar respostas para as grandes questões da vida, de entender o
seu lugar no mundo. Mas a mente, como um labirinto, o confunde e o faz duvidar
de si mesmo, rotulando-o como 'louco'. Essa dualidade,
essa luta entre a razão e a loucura, é o que torna o poema tão instigante e nos
convida a refletir sobre as nossas próprias dúvidas e incertezas.
A Coragem da Dúvida
Pode ser
até que seja
Prefiro
descobrir.
A segunda estrofe do poema é como um suspiro de
coragem. O eu lírico, ao invés de negar a possibilidade da loucura, a abraça
como um ponto de partida para a sua jornada de autodescoberta. É como se ele
dissesse: 'Talvez eu esteja louco, mas isso não me impede de buscar a verdade
sobre mim mesmo'.
A escolha por 'descobrir'
é um ato de rebeldia, uma recusa em se conformar com as definições impostas
pela sociedade. O eu lírico prefere se aventurar no desconhecido, mesmo que
isso signifique enfrentar os seus próprios medos e incertezas. Essa atitude de
coragem e determinação é o que torna o poema tão poderoso e inspirador.
O Guardião do Mistério
Sou a
chave do mistério
E onde
quer que esteja
Terei
que abrir
Com o
medo nos meus olhos
Eu
prefiro ficar aqui
Esperando
calado, silencioso
Com todo
o peso no corpo
Outras
formas de vida surgir.
A terceira estrofe do poema nos apresenta o eu
lírico como um personagem enigmático, o 'guardião do mistério'. Ele se vê como
a chave que pode abrir as portas para os segredos da vida, mas essa missão é
acompanhada pelo medo e pela incerteza.
'Com o medo nos meus olhos', ele escolhe 'ficar aqui',
em silêncio, como se estivesse esperando o momento certo para agir. Essa
decisão revela uma luta interna entre a ação e a contemplação, entre a vontade
de desvendar os mistérios e o medo de enfrentar o desconhecido.
O 'peso no corpo' simboliza o fardo da existência, as dúvidas e
incertezas que o atormentam. Mas, mesmo assim, ele mantém a esperança de que 'outras
formas de vida' possam surgir, de
que a transformação e a renovação sejam possíveis.
Por fim
‘Cria da
Vida", de Majda Hamad Pereira, é um poema que nos convida a explorar os
recantos mais profundos da mente humana. Através de uma linguagem que se
assemelha a um fluxo de consciência, a autora nos transporta para um universo
onde a realidade e a fantasia se entrelaçam, onde a sanidade e a loucura se confundem.
O eu lírico, como um explorador de si mesmo,
questiona a sua própria existência e a natureza da realidade, buscando
respostas para as grandes perguntas da vida. A ambivalência entre a ação e a
contemplação, a aceitação da loucura e a esperança de transformação conferem ao
poema um tom de mistério e profundidade, como se estivéssemos acompanhando o eu
lírico em uma jornada de autodescoberta através dos labirintos da mente.
Poeta Hiran de Melo
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