Leituras poéticas – Capítulo 74
terra, Fogo, água e ar
Só
Por Majda
Hamad Pereira
Um papel em branco
Uma folha amassada
Chuva caindo
Molhando caminhos
Noite fria
Bela Madrugada
Sono profundo
Sonhos confusos
Vem o dia ensolarado
Despertar sozinha
Cama vazia
Acordo, saudade.
Reflexão – Uma leitura possível do poema:
Só
Em 'Só', a poetisa
Majda Hamad Pereira nos leva a sentir a solidão e a tristeza através de imagens
que tocam o coração. Ela usa coisas simples do dia a dia, como 'papel em
branco', 'chuva' e 'cama vazia', para criar um mundo onde a gente sente o que
ela está sentindo. É como se cada verso fosse um pedacinho de um quebra-cabeça
que mostra a saudade e o vazio.
Prestem atenção em
como as palavras são curtas e diretas, como se a poeta estivesse falando
baixinho, só para nós. E vejam como ela junta coisas diferentes: o dia
ensolarado, que deveria ser feliz, com a cama vazia, que mostra a solidão. É
como se ela quisesse mostrar que, às vezes, mesmo quando tudo parece bem, a
gente pode se sentir sozinho.
O legal desse poema
é que ele nos faz pensar sobre como a poesia pode usar coisas simples para
falar de sentimentos profundos. É como se a poeta pegasse um pedacinho da vida
e transformasse em arte, mostrando que a poesia está em todo lugar, até na
solidão.
Um papel
em branco
Uma
folha amassada
Chuva
caindo
Molhando
caminhos
Noite
fria
Bela
Madrugada
A abertura do poema
nos imerge em um cenário melancólico. A escolha de "um
papel em branco" e "uma
folha amassada" como imagens iniciais
não é fortuita. O papel em branco, símbolo clássico do potencial não realizado,
contrasta com a folha amassada, que denota frustração e tentativas falhas. Essa
dualidade já prenuncia a tensão emocional que permeia o poema.
A progressão para a
imagem da "chuva caindo"
intensifica a atmosfera de solidão. A chuva, frequentemente associada à
tristeza e melancolia, "molha os caminhos", sugerindo um isolamento que se estende para
além do espaço físico, atingindo também o emocional. A "noite
fria" reforça essa sensação de isolamento, criando
um ambiente sombrio e desolador.
No entanto, a
estrofe se encerra com uma nota de ambiguidade: a "bela
madrugada". Essa expressão pode ser
interpretada de duas maneiras: como um vislumbre de esperança, uma luz que
surge na escuridão, ou como a aceitação da solidão como um estado de beleza
melancólica. Essa ambivalência enriquece a estrofe, convidando o leitor a
refletir sobre a complexidade da experiência humana.
Sono
profundo
Sonhos
confusos
Vem o
dia ensolarado
Despertar
sozinha
Cama
vazia
Acordo,
saudade.
A estrofe mergulha
no universo íntimo da narradora, revelando um estado de vulnerabilidade através
do "sono profundo" e dos "sonhos
confusos". Essa imersão no subconsciente sugere uma
busca por algo que transcende a realidade, talvez um encontro ou uma conexão
emocional.
A transição para o
"dia
ensolarado" cria um contraste
marcante com a atmosfera onírica anterior. A luz do dia, geralmente associada à
clareza e à positividade, aqui serve para destacar a solidão da narradora. O
"despertar
sozinha" e a "cama vazia"
são imagens poderosas que evocam a ausência de um ente querido, intensificando
o sentimento de falta.
A culminação da
estrofe em "acordo, saudade" revela a força avassaladora desse sentimento.
A saudade, expressa de forma direta e concisa, ecoa como um lamento,
preenchendo o vazio deixado pela ausência.
Leituras...
Tema e Dualidade
O cerne do poema
reside na exploração da solidão e da saudade, temas universais que ressoam com
a experiência humana. A autora habilmente tece uma dualidade entre a
"beleza da solidão" e a "dor da ausência". Essa tensão não
é apenas temática, mas também estilística, manifestando-se na justaposição de
imagens e sentimentos contrastantes.
Linguagem e Imagens
A simplicidade da
linguagem de Majda Hamad Pereira é sua força. A escolha de palavras diretas e
acessíveis permite que o leitor se conecte imediatamente com as emoções
expressas. No entanto, essa simplicidade não diminui a profundidade das imagens
poéticas. Pelo contrário, a concisão intensifica o impacto de cada verso.
Imagens como "papel em branco", "chuva caindo" e "cama
vazia" são carregadas de simbolismo, evocando sentimentos: de vazio,
melancolia e desejo.
Natureza como Espelho
A natureza
desempenha um papel crucial na construção do ambiente emocional do poema. A
chuva, a noite e o dia ensolarado não são meros cenários, mas sim projeções do
estado interior da narradora. A natureza reflete e amplifica os sentimentos de
solidão, tristeza e esperança, criando uma atmosfera imersiva para o leitor.
Por fim
A jornada emocional
do poema culmina na revelação da vulnerabilidade da narradora. Ao compartilhar
seus sentimentos mais íntimos, ela convida o leitor a se conectar com sua
própria humanidade. A saudade, expressa de forma crua e honesta, torna-se um
elo entre a narradora e o leitor, criando uma experiência poética
compartilhada.
Poeta Hiran de Melo
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