Leituras poéticas – Capítulo 70
terra, Fogo, água e ar
Cachaça & Poesia
Por Majda
Hamad Pereira
A cachaça é amiga
Das horas
A poesia é amiga
Do tempo
A cachaça chora
Por fora
A poesia chora
Por dentro
A cachaça e a poesia
Tem seus amores
Tem a saudade
Suas dores
A cumplicidade
Tem as flores.
Reflexão – Uma leitura possível do poema:
Cachaça & Poesia
A escolha da
cachaça como metáfora para a poesia vai além da simples associação entre bebida
e inspiração. A cachaça, enquanto bebida nacional, carrega em si uma série de
significados culturais e históricos, que se entrelaçam com a própria identidade
brasileira. Ao associar a poesia à cachaça, a autora estabelece uma conexão
entre a arte e a cultura popular, valorizando a dimensão social da criação
poética.
A
cachaça é amiga
Das
horas
A poesia
é amiga
Do tempo
A cachaça e a
poesia, ao serem associadas à experiência temporal, evocam dimensões sensoriais
e afetivas distintas.
A cachaça, com suas propriedades organolépticas (que podem
ser percebidas pelos sentidos humanos), promove uma experiência
sensorial imediata, associada ao prazer e à celebração.
A poesia, por sua vez, apela para os sentidos mais profundos,
como a memória e a emoção, convidando o leitor a uma experiência estética mais
complexa e abrangente.
A justaposição
dessas duas experiências sensoriais revela a riqueza e a complexidade da
experiência humana.
A
cachaça chora
Por fora
A poesia
chora
Por
dentro
A metáfora
do choro, aplicada tanto à cachaça quanto à poesia, revela
uma visão poética da dor e do sofrimento, explorando a complexidade da
experiência humana.
A cachaça, com suas bolhas e sabor forte, representa uma
expressão emocional imediata e visceral, associada à celebração e à
socialização.
A poesia, por sua vez, explora as profundidades da alma,
revelando um sofrimento interior mais sutil e complexo.
A sinestesia,
presente na associação do 'choro' da
cachaça com o sabor e das palavras com a emoção, cria uma experiência sensorial
única, que transcende os limites de cada um dos sentidos isoladamente.
A
cachaça e a poesia
Tem seus
amores
Tem a
saudade
Suas
dores
A
cumplicidade
Tem as
flores.
Os versos finais do
poema revelam a capacidade da cachaça e da poesia de evocar sentimentos
universais, como o amor, a saudade e a cumplicidade, que transcendem as
particularidades individuais.
A imagem das 'flores', como símbolo da beleza e da efemeridade, sublinha
a complexidade da experiência humana, marcada pela dualidade entre a alegria e
a tristeza, a vida e a morte. Ao conectar a cachaça e a poesia à natureza, a
autora evoca a ideia de que a arte e a experiência humana estão intrinsecamente
ligadas aos ciclos da vida.
Por fim
O poema 'Cachaça
& Poesia' transcende a esfera individual, assumindo uma dimensão social. Ao
estabelecer uma relação entre a bebida e a arte, a autora revela a capacidade
da cultura de promover a coesão social e a construção de significados
compartilhados. A obra, ao celebrar a experiência humana em sua totalidade,
convida o leitor a uma reflexão sobre o papel da arte na construção de uma
sociedade mais justa e igualitária.
Poeta Hiran de Melo
Comentários
Postar um comentário