Leituras poéticas – Capítulo 68
Cuidando das Raízes
Navegantes
Por Majda
Hamad Pereira
Lá vem a caravela
De olho nas moças belas
Marujos
De corações impuros
Sujos
Professores do tempo
Doutores do mar.
Reflexão – Uma leitura possível do poema:
Navegantes
O poema
'Navegantes' de Majda Hamad Pereira constitui uma denúncia contundente do
colonialismo, utilizando a metáfora da viagem marítima como veículo para
explorar as relações de poder desiguais e as consequências da exploração.
Através de uma linguagem poética concisa e impactante, a autora convida o
leitor a uma reflexão crítica sobre os legados históricos do colonialismo.
Lá vem a
caravela
De olho
nas moças belas
A imagem da caravela, símbolo emblemático da expansão marítima europeia,
é utilizada pela poetiza para representar a chegada dos colonizadores e a
imposição de uma ordem colonial. A expressão "de
olho nas moças belas" revela a
dimensão sexual da exploração colonial, evidenciando o olhar cobiçoso e
predatório direcionado às mulheres dos povos nativos.
Marujos
De
corações impuros
Sujos
A caracterização
dos marujos como 'impuros' e 'sujos' constitui uma estratégia da poetiza para reforçar
a imagem negativa associada aos colonizadores. Essa atribuição moral negativa
enfatiza a violência estrutural e a desumanização inerentes ao processo de
colonização, revelando a natureza opressora e exploradora desse empreendimento.
Professores
do tempo
Doutores
do mar
A autoproclamação
dos colonizadores como 'professores do tempo' e 'doutores do mar' revela uma ironia
mordaz. Essa atribuição de títulos honoríficos contrasta com a realidade da
violência colonial e da imposição cultural. A expressão 'doutores do mar'
alude, por um lado, ao conhecimento náutico dos europeus e, por outro, à
pretensão de superioridade intelectual que legitimava a dominação colonial.
Por fim
O poema
'Navegantes' de Majda Hamad Pereira constitui uma denúncia contundente do
colonialismo, servindo como um convite à reflexão sobre as suas consequências
históricas. Através de uma linguagem poética incisiva e de imagens poderosas, a
autora desvela os crimes perpetrados em nome da colonização, questionando as
narrativas eurocêntricas que tentam justificar esses atos. A obra incita o
leitor a adotar uma postura crítica em relação ao passado, visando a construção
de um futuro mais justo e equitativo.
Poeta Hiran de Melo
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