Leituras poéticas – Capítulo 62
Cuidando das Raízes
Infância
Por Majda
Hamad Pereira
Hoje, sou o oposto do que era
Não observava o pôr do sol
Nem tão pouco a chegada da primavera.
Não conhecia as pessoas
Vivia no introspectivo mundo, ausente
Presa na insanidade pueril
Da inocência constante, presente.
Conheci a felicidade a minha maneira
Através do tempo
Nas pequenas horas
No meu momento.
Hoje sou o oposto do que era
Observo o pôr do sol
E a chegada da primavera.
Reflexão – Uma leitura possível do poema:
Infância
O poema 'Infância',
de Majda Hamad Pereira, propõe uma jornada introspectiva sobre a passagem do
tempo e a transformação pessoal. A autora estabelece um contraste marcante
entre a infância, caracterizada pela inocência e introspecção, e o presente,
marcado por uma maior consciência e apreciação do mundo exterior.
Hoje,
sou o oposto do que era
Não
observava o pôr do sol
Nem tão
pouco a chegada da primavera.
A primeira estrofe
apresenta uma estrutura dicotômica, contrastando o "eu" lírico do
presente e do passado. A frase "Hoje, sou o oposto do que era" funciona como um eixo de simetria, organizando
a estrutura do poema.
A ausência de
observação dos fenômenos naturais revela uma atitude contemplativa passiva,
característica da infância, e uma falta de conexão com o mundo exterior.
A introspecção
profunda, evidenciada pela ausência de observação do mundo exterior, indica um
mergulho no universo interior da criança, caracterizado pela imaginação e pela
fantasia.
Não
conhecia as pessoas
Vivia no
introspectivo mundo, ausente
Presa na
insanidade pueril
Da
inocência constante, presente.
A ausência de
conhecimento das pessoas revela um isolamento social e uma dificuldade em
estabelecer conexões interpessoais.
A expressão "introspectivo
mundo, ausente" evidencia um rico mundo
interior infantil, porém desconectado da realidade externa.
A aparente
contradição entre "insanidade" e "inocência" revela a
intensidade e a pureza dos sentimentos infantis, que podem parecer
desproporcionais à perspectiva adulta.
Conheci
a felicidade a minha maneira
Através
do tempo
Nas
pequenas horas
No meu
momento.
A felicidade é
experimentada de forma pessoal e singular, através de vivências únicas e
momentos íntimos.
A autora encontra a
felicidade em momentos específicos, "nas pequenas horas", indicando uma valorização do presente e da
experiência individual.
A expressão "meu
momento" enfatiza a importância do presente e a busca
por significado nas experiências cotidianas.
Hoje sou
o oposto do que era
Observo
o pôr do sol
E a
chegada da primavera.
A última estrofe
reafirma a transformação do sujeito poético, contrastando o "eu" do
passado com o presente.
A observação do pôr
do sol e da primavera simboliza uma nova percepção da natureza e uma maior
abertura para as experiências.
O poema se encerra
com uma imagem de renovação, sugerindo a ciclicidade da vida e a possibilidade
de transformação contínua.
Visão geral
O texto da poetisa
apresenta uma jornada introspectiva de autoconhecimento, contrastando a
experiência infantil, marcada pela inocência e pelo isolamento, com a
consciência e a abertura para o mundo do presente. A autora retrata a infância
como um período de descoberta interior, porém limitado pela falta de conexões
com o exterior. Com o passar do tempo, a autora encontra a felicidade em uma
perspectiva mais madura, valorizando o presente e estabelecendo conexões com o
mundo natural. A imagem do pôr do sol e da primavera simboliza essa
transformação e a abertura para novas experiências.
Por fim
O poema
"Infância" convida o leitor a uma reflexão sobre a passagem do tempo
e a transformação pessoal. A obra destaca a importância de apreciar cada fase
da vida, reconhecendo a beleza tanto da infância quanto da maturidade. A
linguagem poética e as imagens vívidas contribuem para a criação de um texto
memorável e que provoca a reflexão.
Poeta Hiran de Melo
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