Leituras poéticas – Capítulo 37

 


Em busca da semente

Madrugada

 

Por Majda Hamad Pereira

 

Os sinos tocam

Ficam nos ouvidos

O zunir dos passos

No corredor vazio

A espera dos filhos.

 

Reflexão – Uma leitura possível do poema:

 

Madrugada

 

Em 'Madrugadas', Majda Hamad Pereira nos convida a uma imersão sensorial nos instantes silenciosos da madrugada. A linguagem simples e evocativa cria uma atmosfera íntima e contemplativa. A imagem do 'corredor vazio' se destaca, simbolizando tanto a solidão da personagem quanto a passagem inexorável do tempo. A autora, ao explorar os sentidos e o tempo, nos convida a uma reflexão sobre a condição humana e a passagem da vida.

 

 Os sinos tocam

 

A imagem dos sinos tocando, além de evocar uma atmosfera religiosa e tradicional, convida a uma reflexão sobre a passagem do tempo e a ciclicidade da vida. O som repetitivo e envolvente dos sinos cria uma sensação de imersão e profundidade, transportando o leitor para um espaço onde o tempo parece se dilatar.

 

A sonoridade da palavra 'tocam' imita o som dos sinos, intensificando a experiência sensorial. Além disso, os sinos podem ser vistos como um símbolo de comunidade, de um chamado interior ou mesmo de um aviso de mudanças iminentes. Essa imagem, rica em nuances, convida o leitor a explorar diferentes interpretações, dependendo de suas próprias experiências e da leitura do poema como um todo.

 

Ficam nos ouvidos

O zunir dos passos

 

A imagem dos passos, descrita como um 'zunir' que 'fica nos ouvidos', cria uma atmosfera de intensa expectativa e ansiedade. O corredor vazio, amplificando o som dos passos, acentua a sensação de isolamento da personagem. Além da expectativa, o som dos passos pode ser interpretado como uma metáfora para o tempo passando ou para a aproximação de algo desconhecido, gerando tanto esperança quanto apreensão.

 

No corredor vazio

A espera dos filhos.

 

A imagem do 'corredor vazio' evoca uma sensação de solidão momentânea, contrastando com a expectativa e a esperança presentes nos versos anteriores. O corredor, como um espaço de transição, simboliza tanto a interioridade da personagem quanto a espera pela chegada dos filhos. A solidão, nesse contexto, não é necessariamente negativa, mas pode ser vista como um momento de reflexão e introspecção.

 

Leituras...

 

A interpretação da rotina materna é uma leitura possível e profunda do poema. A imagem da mãe que se prepara para o dia e aguarda seus filhos evoca um universo de sentimentos, desde o amor e a dedicação até a ansiedade e a esperança. A rotina materna, muitas vezes invisível, é aqui apresentada como um ato de cuidado e sacrifício. Além disso, a espera pelos filhos pode ser vista como uma metáfora para a espera pela vida, pela renovação e pelo futuro.

 

A espera pelos filhos pode ser vista como uma metáfora para a espera por algo importante ou desejado. A coexistência da ansiedade e da esperança revela a complexidade dos sentimentos humanos e a vulnerabilidade da personagem diante do futuro. A madrugada, como um momento de transição, intensifica essa sensação de espera e incerteza.

 

A imagem dos sinos e dos passos, além de marcar a rotina materna, simboliza a passagem irreversível do tempo. A madrugada, como momento de transição entre a noite e o dia, enfatiza essa ideia, funcionando como um limiar entre o passado e o futuro. A repetição dos sinos e a cadência dos passos sugerem a ciclicidade do tempo, enquanto o corredor vazio evoca a sensação de que o tempo está constantemente se movendo. Essa consciência da passagem do tempo pode gerar tanto ansiedade quanto aceitação, dependendo da perspectiva do leitor.

 

Por fim

 

Em apenas alguns versos, 'Madrugadas' nos convida a uma instigante reflexão sobre a condição humana, explorando temas como a solidão, a esperança e a passagem do tempo. Através de imagens vívidas, como os sinos tocando e os passos no corredor vazio, a autora cria uma atmosfera íntima e evocativa, transportando o leitor para um universo de sensações e emoções.

 

Poeta Hiran de Melo 

 


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