Leituras poéticas – Capítulo 27
Em busca da semente
Para...
Por Majda
Hamad Pereira
Para cada parte roubada
Ferida
Para as mãos em sangue
Alívio
Para o peso do corpo
Espaço
Para finitude da vida
Alma.
Reflexão – Uma leitura possível do poema:
Para...
O poema
"Para..." de Majda Hamad Pereira, com sua estrutura direta e versos
concisos, evoca imagens e sensações poderosas. A relação entre o título
"Para..." e o conteúdo do poema é um dos elementos que mais instigam
a reflexão sobre a obra. A ausência de
um complemento após a preposição "para" cria um espaço em branco, uma
lacuna a ser preenchida pela imaginação do leitor. Essa ausência, por sua vez,
dialoga diretamente com os temas centrais do poema: a busca por sentido, a
incompletude e a própria condição humana.
Para
cada parte roubada
Ferida
A imagem de algo
"roubado" evoca imediatamente uma sensação de perda e injustiça. A
palavra "Ferida" complementa essa imagem, sugerindo não apenas a dor
física, mas também a cicatriz emocional que a perda deixa. É interessante notar
a concisão do verso; a ausência de artigos ou palavras adicionais intensifica a
sensação de brutalidade da perda.
Para as
mãos em sangue
Alívio
Este verso
apresenta um contraste forte. "Mãos em sangue" remetem ao trabalho
árduo, talvez até violento, e ao sofrimento. A contraposição com
"Alívio" sugere uma busca por descanso, consolo e cura. Para um jovem
curioso, é válido refletir sobre a metáfora das "mãos em sangue":
Será que se refere apenas ao trabalho físico, ou pode também simbolizar o
esforço emocional e criativo da artista?
Para o
peso do corpo
Espaço
Aqui, a relação
entre o corpo e o espaço é central. "Peso do corpo" pode ser
interpretado de diversas formas: cansaço físico, fardo de responsabilidades, ou
até mesmo a sensação de opressão e limitação. "Espaço", por sua vez,
representa o oposto: liberdade, leveza, a possibilidade de crescimento e
expansão. A imagem do corpo buscando espaço pode ressoar com a experiência de
muitos jovens que buscam seu lugar no mundo.
Para finitude da vida
Alma.
Este verso final
aborda a questão da mortalidade de forma direta e profunda. A "finitude da
vida" é um fato inescapável, mas o verso sugere que a "Alma" – a
essência, o espírito – é uma forma de transcendência, algo que permanece além
da morte. A contraposição entre o finito e o infinito convida o leitor a uma
reflexão sobre o significado da vida.
Um pouco mais sobre as palavras
A poetiza utiliza a
imagem do "alívio" como um
contraponto à "dor". Essa
oposição binária é comum na poesia e representa a busca universal por um estado
de equilíbrio. No entanto, o "alívio" oferecido no poema não é uma
solução definitiva para a dor, mas sim um momento de pausa, um respiro que
permite seguir em frente.
A imagem do "espaço" pode ser interpretada como uma metáfora para
a liberdade interior, para a necessidade de se conectar consigo mesmo e com o
mundo ao redor. A "alma", por sua
vez, representa a essência humana, aquilo que permanece mesmo diante da
finitude.
Por fim
"Para..."
é um poema que nos convida a uma instigante reflexão sobre a condição humana. A
poetiza explora temas universais como a dor, a esperança e a busca por sentido.
Através de uma linguagem poética rica em simbolismo e emoção, Majda Hamad
Pereira nos convida a olhar para dentro de nós mesmos e a encontrar forças para
enfrentar as adversidades da vida. A brevidade e a intensidade dos versos fazem
deste poema uma experiência marcante, que ecoa na memória do leitor por muito
tempo.
Poeta Hiran de Melo
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