Leituras poéticas – Capítulo 22

Em busca da semente

O Que Fiz

 

Por Majda Hamad Pereira

 

Eu semeei

Eu colhi satisfações

Respirei mil vezes

Eu comi

Senti do verde o cheiro

Sorri e chorei por inteiro

Eu aprendi

Amei, detestei

Eu vivi.

 

Reflexão – Uma leitura possível do poema:

 

O Que Fiz

 

O poema "O Que Fiz" se destaca pela brevidade, com apenas nove versos. Essa concisão é fundamental para a força do poema, transmitindo a mensagem de forma direta e impactante, sem rodeios.

 

Simplicidade na linguagem

 

A linguagem utilizada é acessível, próxima do cotidiano e da oralidade. Essa escolha facilita a conexão do leitor com o poema, tornando-o mais íntimo e pessoal.

 

Liberdade métrica e ausência de rimas

 

A ausência de rimas e a métrica livre (sem um padrão rítmico predefinido) conferem ao poema um ritmo natural e espontâneo, aproximando-o da fala e da experiência humana.

 

Recursos Poéticos

 

A repetição do pronome pessoal "Eu" enfatiza o protagonismo do "eu" lírico, a voz que se expressa no poema. Essa repetição cria um ritmo envolvente e reforça a centralidade da experiência individual.

 

A enumeração da palavra de ação ("semeei", "colhi", "respirei", "comi", "senti", "sorri", "chorei", "aprendi", "amei", "detestei", "vivi") constrói uma narrativa fragmentada da trajetória do "eu" ao longo da vida. Essa técnica cria um mosaico de experiências, revelando a riqueza e a complexidade da vida humana.

 

As imagens sensoriais ("verde o cheiro") e emocionais ("sorri e chorei por inteiro") evocam experiências concretas e universais, com as quais o leitor pode facilmente se identificar. Essas imagens despertam os sentidos e as emoções do leitor, convidando-o a uma imersão profunda no universo do poema.

 

A antítese ("amei, detestei") revela a complexidade e a ambivalência dos sentimentos humanos, mostrando que a vida é feita de contrastes e de experiências diversas. Essa figura de linguagem enriquece o poema, convidando o leitor a uma reflexão sobre a natureza humana.

 

Temas tratados no poema

 

Essência da experiência humana

 

O poema parece resumir a essência da experiência humana, enfatizando a importância de viver cada momento com intensidade e totalidade. O "eu" lírico se coloca como sujeito ativo na construção de sua própria história, tanto nos momentos de alegria e satisfação ("semeei", "colhi", "sorri") quanto os de dor e aprendizado ("chorei", "aprendi", "detestei").

 

A metáfora da semeadura e da colheita, presente no primeiro verso, sugere que a vida é um processo contínuo de plantar e colher, de investir e receber. Essa metáfora convida o leitor a refletir sobre suas próprias ações e suas consequências.

 

A ação de respirar evoca a consciência da própria existência e a busca por vitalidade. O "eu" lírico demonstra um profundo apreço pela vida e pela capacidade de sentir e experimentar o mundo ao seu redor.

 

A frase final, "Eu vivi", lapidar e sintética, afirma o desejo de autenticidade e a coragem de se entregar à experiência da vida em sua plenitude. Essa frase ecoa como um convite ao leitor para viver sua própria vida com intensidade e paixão.

 

Por fim

 

"O Que Fiz" é um poema minimalista, mas profundo, que convida à reflexão sobre a experiência humana. A linguagem simples e direta, os recursos poéticos sutis e a temática universal o tornam acessível e impactante. Um texto que ecoa no coração do leitor, convidando-o a celebrar a beleza e a complexidade da vida.

 

Poeta Hiran de Melo 


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