Leituras poéticas – Capítulo 04


Perfumes do Jardim

Ser Poeta

 

Por Majda Hamad Pereira

 

Quem dera eu ser poeta

Para viver nas madrugadas

Portas abertas

Bares nas calçadas

 

Quem dera eu ser poeta

Para conviver com muitos

Se abrir para o mundo

Como flores na primavera

 

Quem dera eu ser poeta

Para reger com maestria

A insanidade de cada dia

 

Para enganar o tempo

Ser amigo do vento

Brincar com a simetria.

 

Reflexão – Uma leitura possível do poema:

 

Ser Poeta

 

O poema "Ser Poeta" de Majda Hamad Pereira revela o anseio da voz poética por uma identidade que transcende a realidade ordinária, abraçando a liberdade e a intensidade da vida poética. A repetição do verso "Quem dera eu ser poeta" funciona como um refrão, um mantra que ecoa o desejo profundo de transformação. A autora, ao projetar-se na figura do poeta, constrói um eu lírico que busca uma conexão visceral com o mundo, explorando as nuances da criação e da existência.

 

A Liberdade da Madrugada

 

Quem dera eu ser poeta

Para viver nas madrugadas

Portas abertas

Bares nas calçadas

 

A estrofe inaugural do poema nos transporta para o universo onírico da madrugada, onde a voz poética vislumbra a figura do poeta como um ser livre e transgressor. O desejo de 'ser poeta' surge como um anseio por habitar esse espaço liminar, onde as 'portas abertas' e os 'bares nas calçadas' simbolizam a quebra das convenções e a abertura para o encontro e a criação. A madrugada, nesse contexto, transcende a mera representação temporal, configurando-se como um espaço de introspecção e liberdade, onde a alma poética se expande para além das amarras do cotidiano.

 

A Abertura para o Mundo

 

Quem dera eu ser poeta

Para conviver com muitos

Se abrir para o mundo

Como flores na primavera

 

Na segunda estrofe, a voz poética expressa o anseio por uma existência marcada pela abertura e pela comunhão. O desejo de 'conviver com muitos' e de 'se abrir para o mundo' é metaforizado pela imagem das 'flores na primavera', que simbolizam a beleza, a renovação e a generosidade. A primavera, em sua plenitude, evoca a ideia de um florescimento da alma, de uma capacidade de se entregar à diversidade da experiência humana. A imagem das flores sugere ainda a ideia de fruição, de um deleite nas pequenas alegrias da vida, e de uma receptividade às diversas nuances das relações humanas.

 

Harmonia na Insanidade Cotidiana

 

Quem dera eu ser poeta

Para reger com maestria

A insanidade de cada dia

 

Na terceira estrofe, a voz poética ascende a um plano de reflexão mais profundo, onde o desejo de 'reger com maestria a insanidade de cada dia' se manifesta como um anseio por ordem e beleza no caos da existência. A figura do poeta, aqui, se assemelha a um maestro, capaz de transformar a dissonância do cotidiano em uma sinfonia harmoniosa. A 'insanidade', longe de ser um obstáculo, torna-se matéria-prima para a criação poética, um convite à busca por significado e beleza nas entrelinhas da vida. A estrofe revela a capacidade do poeta de transcender a aparente desordem, encontrando a melodia oculta na sinfonia do mundo.

 

A Poética da Transitoriedade

 

Para enganar o tempo

Ser amigo do vento

Brincar com a simetria.

 

Na estrofe final, a voz poética almeja a liberdade de transcender as amarras do tempo e da forma, buscando uma comunhão com a efemeridade da existência. O desejo de 'enganar o tempo' e de 'ser amigo do vento' revela um anseio por fluidez e leveza, características intrínsecas à natureza do poeta. O vento, símbolo da liberdade e da mudança, representa a capacidade do poeta de se adaptar e de se mover com a vida, sem se prender a estruturas rígidas. A expressão 'brincar com a simetria' sugere a habilidade do poeta de manipular a forma e a estrutura da realidade, de encontrar beleza e significado nas relações e padrões do mundo. A simetria, aqui, não se limita à estética, mas se estende à própria essência da vida, que o poeta busca compreender e transformar através da arte.

 

Leituras...

 

A Poesia como Grito de Liberdade e Identidade

 

"Ser Poeta" de Majda Hamad Pereira é mais do que um poema, é um convite vibrante para a aventura da criação. A autora nos chama para um mundo onde a palavra é ferramenta de transformação, onde a realidade se molda à força da imaginação. Com versos que pulsam emoção, ela nos mostra que a poesia é um grito de liberdade, um ato de resistência contra a mesmice do dia a dia.

 

A Poesia como Espelho da Alma e Ferramenta de Mudança

 

Majda nos lembra que a poesia é um espelho da alma, um lugar onde podemos expressar tudo o que sentimos, sem medo de julgamentos. Ao celebrar a beleza da poesia, ela nos inspira a encontrar nossa própria voz, a usar as palavras para colorir o mundo com nossas cores e sentimentos. A poesia, então, se torna uma ferramenta poderosa para construir um mundo mais justo e humano, um lugar onde a individualidade de cada um é celebrada e respeitada.

 

Uma Jornada de Liberdade e Transformação

 

"Ser Poeta" de Majda Hamad Pereira é como um convite para uma aventura mágica, um mergulho no mundo da poesia. A autora nos leva a pensar sobre o que é ser poeta, sobre como a poesia pode mudar a gente e o mundo ao nosso redor. Com palavras simples e cheias de sentimento, ela nos mostra que a poesia é como um portal para a liberdade, um lugar onde podemos ser nós mesmos e expressar tudo o que sentimos.

 

Um Mundo de Imagens e Metáforas

 

No poema, a autora usa muitas imagens e metáforas, como se estivesse pintando um quadro com palavras. Ela nos mostra um mundo onde a madrugada é um espaço de liberdade, onde as flores representam a beleza e a conexão com o mundo, e onde o poeta é como um maestro que transforma o caos em música.

 

Um Convite para Sonhar e Transformar

 

O poema nos convida a sonhar com a possibilidade de sermos poetas, de usarmos a nossa voz para transformar o mundo. A linguagem simples e a ausência de rimas tornam o poema ainda mais especial, como se a autora estivesse conversando com a gente, compartilhando seus sonhos e desejos mais profundos.

 

Por fim

 

"Ser Poeta" é um hino à liberdade criativa, uma celebração da capacidade humana de transformar a realidade através da palavra. A autora nos convida a uma profunda reflexão sobre o papel do poeta como agente de mudança.

 

Poeta Hiran de Melo 

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