Leituras poéticas – Capítulo 03
Perfumes do Jardim
Respeito
Por Majda
Hamad Pereira
Não vejo a solidão
Como tristeza
Vejo como opção
Não vejo erros
Como defeitos
Vejo como um conjunto
De erros e acertos
Acertos serão
Não vejo silêncio
Como desprezo
Vejo como respeito
Todo o silêncio
É conversa com o coração
Não vejo o sentimento
Como posse
Vejo como química
De sentir o outro
De puro zelo
Não vejo as coisas do mundo
Como insanas
Vejo como um
Aprender constante
Liberdade pulsante
Espiritualização.
Reflexão – Uma leitura possível do poema:
Respeito
O poema 'Respeito',
da Majda Hamad Pereira, é tipo um soco no estômago que te faz pensar bem fundo
sobre a vida. A poeta joga na nossa cara versos curtos e cheios de significado,
questionando tudo aquilo que a gente já acha que sabe. É como se a poeta nos
desse um novo par de óculos para ver o mundo. Você já parou para pensar no que
a solidão realmente significa? A Majda Hamad Pereira tem uma visão bem
diferente!
A Solidão como Opção e o Erro como Aprendizado
Não vejo
a solidão
Como
tristeza
Vejo
como opção
A estrofe inicial
do poema de Majda Hamad Pereira atua como um manifesto pessoal, uma declaração
de independência emocional. A autora inicia com uma negação, um "não
vejo", que imediatamente estabelece um tom de desafio às percepções
convencionais.
Ao contrapor
"solidão" e "tristeza", ela não apenas as distingue, mas
também as dissocia, criando um espaço para uma nova interpretação. A tristeza,
muitas vezes vista como companheira inevitável da solidão, é descartada,
abrindo caminho para uma visão mais empoderada.
Assim a primeira
estrofe de "Respeito" é uma poderosa declaração de independência
emocional. Majda Hamad Pereira nos convida a questionar nossas próprias
percepções sobre a solidão e a abraçar a possibilidade de encontrarmos força e
autonomia em nossa própria companhia.
A dialética do Mundo como Aprendizado
Não vejo
erros
Como
defeitos
Vejo
como um conjunto
De erros
e acertos
Acertos
serão
A segunda estrofe
do poema da autora nos convida a contemplar a vida como um
"conjunto", uma tapeçaria intrincada onde erros e acertos se
entrelaçam. Essa metáfora poderosa desafia a visão linear do sucesso, onde os
erros são vistos como desvios do caminho certo.
Ao invés de isolar
os erros como "defeitos", a autora os integra ao todo, reconhecendo
sua função essencial na construção da jornada. Essa perspectiva holística nos
lembra que a perfeição é uma ilusão, e que o verdadeiro crescimento reside na
aceitação da nossa humanidade falível.
A estrofe explora a
dialética entre erros e acertos, reconhecendo que ambos são partes integrantes
do processo de aprendizado. Os erros não são vistos como pontos finais, mas
como trampolins que nos impulsionam em direção aos acertos.
A frase
"Acertos serão" transmite uma mensagem de esperança e otimismo,
sugerindo que o tempo e a experiência nos conduzirão à sabedoria. Essa crença
no futuro nos encoraja a persistir, mesmo diante dos desafios e contratempos.
Assim a segunda
estrofe de "Respeito" nos convida a abraçar a complexidade da vida,
reconhecendo que erros e acertos são faces da mesma moeda. Ao invés de nos
apegarmos à perfeição, podemos encontrar força e crescimento na aceitação da
nossa jornada imperfeita.
Uma linguagem própria do coração
Não vejo
silêncio
Como
desprezo
Vejo
como respeito
Todo o
silêncio
É
conversa com o coração
Nesta estrofe,
Majda Hamad Pereira desmistifica o silêncio, retirando-o do reino da frieza e
do distanciamento. Em vez de um vazio, ela o apresenta como um espaço rico em
comunicação, uma linguagem própria do coração.
Ao rejeitar a
interpretação do silêncio como "desprezo", a autora abre caminho para
uma compreensão mais profunda e sutil. O silêncio não é ausência de
comunicação, mas sim uma forma de comunicação que transcende as palavras.
A metáfora da
"conversa com o coração" é central para a estrofe. Ela sugere que o
silêncio é um momento de profunda intimidade, um diálogo interno que nos
conecta com nossos sentimentos mais profundos.
Essa metáfora
também implica que o silêncio pode ser uma forma de comunicação com o outro, um
momento de empatia e conexão que vai além das palavras.
A autora associa o
silêncio ao "respeito", sugerindo que ele é uma forma de honrar o
outro e a si mesmo. O silêncio respeitoso é um ato de escuta atenta, um
reconhecimento da importância do espaço interior de cada um.
O silêncio, portanto,
não é passividade, mas sim uma forma ativa de presença, um gesto de
consideração e cuidado. Assim, a terceira estrofe de "Respeito" nos
convida a redescobrir o silêncio como uma linguagem rica e profunda. Ao invés
de temê-lo, podemos abraçá-lo como um momento de conexão, respeito e
introspecção.
Uma visão alquímica das relações interpessoais
Não vejo
o sentimento
Como
posse
Vejo
como química
De
sentir o outro
De puro
zelo
Na quarta estrofe,
a autora transcende a concepção tradicional de sentimentos como posse, propondo
uma visão alquímica das relações interpessoais. A metáfora da química, presente
na descrição dos sentimentos como 'algo fluido e natural', evoca a ideia de reações
espontâneas e transformadoras, onde o 'sentir o outro' se manifesta como uma
fusão de elementos. Essa imagem poética sugere que os sentimentos não são
estáticos ou controláveis, mas sim forças dinâmicas que exigem cuidado e zelo,
um respeito genuíno pela individualidade do outro.
A Transcendência do Olhar Poético
Não vejo
as coisas do mundo
Como
insanas
Vejo
como um
Aprender
constante
Liberdade
pulsante
Espiritualização
Na estrofe final, a
voz poética eleva o olhar para o cosmos, recusando a visão niilista de um mundo
'insano'. Em contraposição, vislumbra a existência como um 'aprender
constante', um fluxo dinâmico onde a 'liberdade pulsante' impulsiona a jornada
evolutiva. A expressão 'espiritualização' transcende o plano terreno, sugerindo
uma busca por significado que se entrelaça com o aprendizado contínuo. A autora
convida o leitor a desvendar a beleza intrínseca do mundo, a abraçar a
liberdade como força motriz da transformação e a vislumbrar a dimensão
espiritual que permeia a experiência humana.
Por fim
Lendo 'Respeito', de
Majda Hamad Pereira, a gente vê o mundo de um jeito diferente e percebe que
cada um de nós é importante. O mundo não é um lugar caótico e insano, mas sim
um campo de possibilidades para o aprendizado e o crescimento. A liberdade e a
espiritualização são vistas como resultados desse processo contínuo de busca
por conhecimento e autoconhecimento.
E você, já parou
para pensar como você vê o mundo? O poema 'Respeito' pode te ajudar a ter uma
nova perspectiva. É como se a poetiza estivesse dizendo: 'Tira os óculos
escuros e olha ao redor! O mundo é mais bonito do que você imagina.
Poeta Hiran de Melo
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